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Bom humor além do riso

O que é o bom humor? Ele pode realmente transformar ambientes, relações, criar uma nova maneira de ver a vida? Para saber isso e muito mais, conversamos com o ator, radialista e diretor-fundador da ONG Canto Cidadão, Felipe Mello. Com sua experiência de quase duas décadas como palhaço em hospitais, levando sorrisos e, acima de tudo, respeitando a condição do paciente, ele tem muito a dizer sobre o assunto. Confira. 

 

O que caracteriza o bom humor?

Felipe Mello — Esta é uma pergunta gigante, não há uma fórmula ou um comportamento padrão. Mas, tem a ver com leveza e resiliência. É uma boia de resgate. Acredito no bom humor como uma força potente, a ser cultivada no cotidiano, para que quando o mau humor vier, ou seja, um tropeço, uma frustração ou um desajeito interno que a gente nem sabe de onde vem, ele nos lembre que existem outras perspectivas e esperanças. É uma filosofia de vida. Precisa de estudo cotidiano, de uma lente generosa no olhar, no escutar, no sentir, de paciência e empatia para que a gente não seja alimento para o mau humor do outro, mas sim, para o bom humor. No miúdo da vida, quanto mais a gente pratica, semeia e cuida, mais chove aquele momentinho de bom humor, uma alegria, um pequeno gracejo, uma respiração mais profunda.

Como o humor pode transformar um ambiente e as relações?

Felipe Mello - Quando há um ambiente de descontração, uma característica fundamental do bom humor, que vai além da ideia do riso, há também uma descompressão das tensões. O humor pode criar um ambiente de confiança, deixando-o mais seguro para as ousadias e ajuda mútua no crescimento do grupo. É a ideia do bom humor como o bom encontro, uma expressão que a gente usa muito no nosso trabalho. Das poucas certezas que eu tenho é que o bom humor, não da piadinha tola, é uma estrutura essencial para empatia, porque está pautado pela confiança. Talvez não exista o lugar perfeito, e a gente precisa ser um elemento construtivo para que se torne um bom lugar.

Quais dicas você dá para viver com mais bom humor no cotidiano?

Felipe Mello - Existem os aspectos físicos. A atividade física é importante para dar elementos fisiológicos para um bom humor mais sustentável. Alimentação e bom sono também. A respiração para mim é essencial, principalmente nos momentos desafiadores. Na parte comportamental, tem a questão da insistência, da carpintaria do seu bom humor. Como a gente escolhe reagir a estímulos? Como a gente consegue diminuir a contração e relaxar mais, até como uma aposta que isso vai nos trazer inspiração, criatividade, e melhorar os relacionamentos interpessoais.

Como fazer uma gestão do bem-estar no ambiente de trabalho?

Felipe Mello - Depois de 17 anos fazendo arte em hospital, especialmente com a figura do palhaço, eu percebo a relevância do bom humor traduzido em bons encontros. Reforço que não se trata do piadista de plantão, mas esse estado em que as pessoas se sentem respeitadas. É fundamental ter respeito, pelo tempo do outro, pela forma como me dirijo a ele, pelos acordos, se eu estou à beira de um ataque de nervos a todo instante, a chance do bom humor é mínima. O respeito é inegociável, e para que ele exista é essencial o autocontrole. No caso das empresas é fundamental instituir como regra de ouro a questão da transparência no dia a dia, aumentar a cultura e a prática de voluntariado, porque isso ajuda a ver o mundo de outros ângulos e exercitar bons valores humanos.

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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