Câncer de pulmão

Confira os principais prejuízos que o tabagismo traz ao corpo, e principalmente o câncer de pulmão

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O Instituto Nacional do Câncer (INCA)1 e a Organização Mundial da Saúde2 são unânimes em declarar que o câncer de pulmão é uma das neoplasias que mais mata no mundo. Em 90% dos diagnósticos, a doença está associada ao consumo de tabaco e seus derivados1. Dados da OMS indicam que, no Brasil, cerca de 200 mil pessoas morrem em consequência dos efeitos do tabaco: o câncer de pulmão é o tipo que mais mata homens no Brasil, e é a segunda maior causa de morte por câncer entre mulheres3.

O INCA também estima que, em 2018, serão diagnosticados pelo menos 31.270 novos casos de câncer de pulmão, e que quase 25 mil pessoas devem falecer em decorrência da doença1. Apesar dos altos números, há uma tendência a queda na mortalidade desde 1980, causada especialmente pela diminuição no consumo de cigarros, campanhas educativas e restritivas4.

Ao analisar os dados de pesquisa da Organização Mundial da Saúde4 e o levantamento realizado pelo INCA em 20033 podemos ver que, entre os tumores mais diagnosticados no Brasil estão também os tipos mais frequentes de câncer. Alguns deles, diretamente relacionados ao consumo de tabaco, como esôfago e pulmão. Nos homens, são próstata, pulmão, estômago, cólon (reto) e esôfago. Nas mulheres, são Mama, colo do útero, cólon (reto), pulmão e estômago.  

Causas

O tabagismo é o principal responsável pelo câncer de pulmão. São mais de 24 doenças associadas ao cigarro5, como o câncer de laringe, esôfago e boca (especialmente quando associados a quadros deficitários de nutrição)5, bexiga, pâncreas, rim e estômago, além de leucemia mieloide aguda6 e de colo uterino, para mulheres5. O tabaco também é responsável por 90% dos tumores pulmonares, por 75% das bronquites e por 25% das doenças do coração.

Fumantes tem 20 a 30 vezes mais chance de desenvolver câncer de pulmão do que não fumantes7. Apesar de todos os indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o INCA, fez um levantamento sobre tabagismo em 2008 e constatou que pouco mais de 17% dos brasileiros acima de 15 anos de idade faziam uso regular de tabaco – aproximadamente 25 milhões de pessoas5. Se o tabagismo é responsável em 90% dos tumores pulmonares, podemos encontrar outros fatores como exposição a asbesto, urânio e cromo, história familiar de câncer de pulmão e doença pulmonar preexistente entre os 10% restantes7.

Sintomas

O agravamento das ocorrências de tosse, seja pela maior frequência ou pela presença de sangue, é geralmente o sintoma mais comum do câncer de pulmão1. Crises recorrentes e intensas, causando inclusive dor torácica ou mais incômodos respiratórios, podem ser os primeiros sinais da neoplasia6. Outros sintomas que podem significar manifestações iniciais da doença, especialmente em fumantes, é a pneumonia de repetição1, dispneia (dificuldade para respirar), disfonia (alteração da voz), emagrecimento, febre e enfraquecimento7.

Diagnóstico

As primeiras associações entre tabagismo e câncer do pulmão foram feitas em 1927, por pesquisadores na Inglaterra. Nos 30 anos seguintes o número de estudos sobre o assunto aumentou na mesma proporção ao número de casos, e em 1964, um estudo publicado pelo governo norte americano reforçou a responsabilidade do tabaco nos casos de câncer. Foi a primeira vez que um órgão oficial falava sobre o assunto, e desencadeou uma reação da comunidade médica em todo o mundo6.

Hoje em dia, o diagnóstico é feito principalmente através de raio-X do tórax e tomografia computadorizada, aliado aos sintomas mapeados1. É fundamental obter um diagnóstico de certeza, seja pela citologia ou pela patologia. Contudo, a maior parte dos diagnósticos acontece quando a doença já está estabelecida localmente, já que tumores iniciais não costumam produzir sintomas7. Uma biópsia também pode ser necessária, em parceria com exames de imagem e de sangue, para determinar o estadiamento da doença e a orientação ao tratamento1.

Prevenção

Considerando que 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo, a principal ação de prevenção é parar de fumar. Quanto mais cedo alguém começa a fumar, como na adolescência, maiores as chances de desenvolver câncer de pulmão6. Além disso, o chamado período de latência, ou seja, o tempo entre a primeira exposição e a data de um diagnóstico de câncer, é bastante alto: cerca de 30 anos5.

Considerando também os outros fatores que podem causar câncer de pulmão, recomenda-se:

  • evitar a exposição a certos agentes químicos (asbesto, cromo, urânio e níquel, por exemplo);
  • evitar a exposição à poluição do ar, causador de infecções pulmonares e doenças como enfisema pulmonar e bronquite;
  • ter uma quantidade recomendada de frutas e verduras na dieta
  • manter acompanhamento médico no caso de histórico familiar de câncer de pulmão1.

Tratamento

Existem três opções de tratamento para câncer de pulmão, de acordo com o tipo de carcinoma diagnosticado. A primeira escolha é o tratamento cirúrgico, chamado ressecção – retirada de parte ou de todo o órgão afetado7.  Os outros tratamentos existentes são a radioterapia e a quimioterapia, definidos não só de acordo com o estágio e morfologia da doença como também pela idade e condições médicas gerais do paciente7. Um médico irá indicar o melhor tratamento para cada caso.


Fontes: 1. Definição de câncer no pulmão. Inca. Último acesso em 18 de junho de 2021. 2. Câncer. Organização Mundial da Saúde. Último acesso em 18 de junho de 2021. 3. Risco de câncer no Brasil. Guerra MR, Moura Gallo CV, Mendonça GAS. Último acesso em 18 de junho de 2021. 4. O controle do tabagismo no Brasil: avanços e desafios. Cavalcante, T.M.  em Rev. Psiq. Clín. 32. Último acesso em 18 de junho de 2021. 5. Tabagismo e câncer no Brasil. Victor Wünsch FilhoI; Antonio Pedro MirraI; Rossana V. Mendoza LópezI; Leopoldo F. Antunes. Último acesso em 18 de junho de 2021. 6. Epidemiologia do Câncer de pulmão. Zamboni, Mauro. Último acesso em 18 de junho de 2021. 7. Diagnóstico precoce do câncer de pulmão: o grande desafio. Variáveis epidemiológicas e clínicas, estadiamento e tratamento*. J Bras Pneumol. 2006. João Adriano Barros, Geraldo Valladares, Adriane Reichert Faria, Erika Megumi Fugita, Ana Paula Ruiz, André Gustavo Daher Vianna, Guilherme Luis Trevisan, Fabrício Augusto Martinelli de Oliveira. Último acesso em 18 de junho de 2021.

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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