Como planejar uma gravidez saudável?

A atenção obstétrica e neonatal deve ter como características essenciais a qualidade e a humanização

Publicado em: 3 de julho de 2019  e atualizado em: 4 de novembro de 2021
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) idealiza um mundo em que todas as mulheres e recém-nascidos recebam cuidados de qualidade durante toda a gravidez, parto e período pós-natal¹. Dentro do ciclo dos cuidados de saúde reprodutiva, os cuidados pré-natais (CPN) constituem uma plataforma para importantes funções dos cuidados de saúde, incluindo a promoção da saúde, o rastreio, o diagnóstico e a prevenção das doenças¹.  

A atenção obstétrica e neonatal deve ter como características essenciais a qualidade e a humanização². É dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com dignidade a mulher e o recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direitos².  

Atenção  

O principal objetivo da atenção pré-natal e para o parto é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal². Uma atenção qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias; do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco².  

Na primeira consulta de pré-natal deve ser realizada uma rememoração abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da gravidez atual². O exame físico deverá ser completo, constando avaliação de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e inspeção de pele e mucosas, seguido por exame ginecológico e obstétrico²  

Nas consultas seguintes, a rememoração deverá ser sucinta, abordando aspectos do bem-estar materno e fetal². Inicialmente, deverão ser ouvidas dúvidas e ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação, hábito intestinal e urinário, movimentação fetal e interrogatório sobre a presença de corrimentos ou outras perdas vaginais².  

O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função dos períodos gestacionais que determinam maior risco². Deve ser iniciado precocemente (primeiro trimestre) e deve ser regular e completo (garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam realizadas e preenchendo-se o cartão da gestante e a ficha de pré-natal)². O número mínimo de consultas de pré-natal deverá ser de seis consultas, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último trimestre². A maior freqüência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco de parto e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal² . 

No primeiro trimestre (até a 13ª semana), ganhar peso não é tão importante, pois o embrião ainda é muito pequeno e as alterações na estrutura física da mãe são poucas³. Nesta fase, é considerado normal e sem riscos para o bebê tanto perder (até 3 kg), como manter ou ganhar peso (até 2 kg)³. A perda de peso, inclusive, é bastante comum, uma vez que é o momento em que as gestantes mais sofrem com náuseas e vômitos³. Do segundo trimestre em diante (a partir da 13ª semana), espera-se um ganho de peso linear até o final da gestação³. E este ganho será diferente, dependendo do estado nutricional pré-gestacional da mãe (se estava com peso adequado, baixo peso ou sobrepeso e obesidade)³.  

Alimentação 

 A gravidez é um dos melhores momentos para se pensar em alimentação saudável, pois não só a mãe se beneficiará dela, como também, e principalmente, o bebê³. Uma mãe bem nutrida é capaz de fornecer todos os nutrientes necessários e pode proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento de seu filho³. Há estudos atualmente que revelam, inclusive, que um desajuste alimentar intra-útero pode levar a disfunções tanto ao nascimento quanto na fase adulta, como a maior tendência à obesidade, hipertensão, diabetes etc³.  

Além disso, com uma alimentação equilibrada, a mãe pode diminuir os riscos de complicações na gravidez, como ganho de peso excessivo, diabetes gestacional e hipertensão, além de poder também modular a presença de outros desconfortos típicos deste período (enjoos, constipação intestinal)³.  

Recomenda-se às mulheres grávidas uma alimentação saudável e atividade física durante a gravidez, para que se mantenham saudáveis e evitem o ganho de peso excessivo¹. Uma dieta saudável durante a gravidez contém energia, proteínas, vitaminas e sais minerais adequados, obtidos através do consumo de alimentos variados, incluindo vegetais verdes e laranja, carne, peixe, feijão, frutos secos, cereais integrais e fruta¹. O ácido fólico deverá ser iniciado o mais cedo possível (em termos ideais antes da concepção) para evitar malformações do tubo neural¹.  

Dicas³ 

    • Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia, evitando ficar mais de três horas sem comer. Entre as refeições, beba água, pelo menos 2 litros. Beber água entre as refeições é importante para o organismo, pois melhora o funcionamento do intestino e hidrata o corpo. Bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, e bebidas com cafeína, como café, chá preto e chá mate, não substituem a água. Além disso, essas bebidas dificultam o aproveitamento de alguns nutrientes e precisam ser evitadas durante a gestação. 
    • Inclua diariamente nas refeições alimentos do grupo de cereais (arroz, milho, pães e alimentos feitos com farinha de trigo e milho), tubérculos, como as batatas, e raízes, como a mandioca – também conhecida como macaxeira, aipim. Dê preferência aos alimentos na sua forma mais natural, pois são boas fontes de fibras, vitaminas e minerais. 
    • Procure consumir diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches. 
    • Não se esqueça do feijão com arroz. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e excelente para a saúde. 
    • Consuma diariamente leite e derivados e carnes, aves, peixes ou ovos. Retire a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação, tornando esses alimentos mais saudáveis. Leite e derivados são as principais fontes de cálcio na alimentação. Esse nutriente é necessário para o crescimento e desenvolvimento dos ossos e dentes. 
    • Diminua o consumo de gorduras. Fique atenta aos rótulos dos alimentos e prefira aqueles livres de gorduras trans. Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura visível, embutidos (salsicha, linguiça, salame, presunto, mortadela), queijos amarelos, salgadinhos, chocolates e sorvetes para, no máximo, uma vez por semana.  
    • Evite refrigerantes e sucos industrializados, biscoitos recheados e outras guloseimas no seu dia-a-dia. 
    • Diminua a quantidade de sal na comida. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio). 
    • Evite o fumo e o consumo de álcool, pois prejudicam a sua saúde, o crescimento do feto e aumentam o risco de nascimento prematuro. 
    • Pratique, seguindo orientação de um profissional de saúde, alguma atividade física. A alimentação saudável, a atividade física e a prática corporal regular são aliadas fundamentais no controle do peso, redução do risco de doenças e melhoria da qualidade de vida. 



 
FONTES:  1 – Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais para uma experiência positiva na gravidez.  Último acesso em 24 de maio de 2019.  2 –PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO ATENÇÃO QUALIFICADA E HUMANIZADA. Ministério da Saúde. Último acesso em 24 de maio de 2019.   3 - Orientações Nutricionais: da gestação à primeira infância. Senado Federal. Último acesso em 23 de maio de 2019. 

 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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