Cuidados com a obesidade infantil

Os primeiros anos de vida são um período crítico para o desenvolvimento de preferências por alimentos e sabores

Publicado em: 21 de maio de 2019  e atualizado em: 4 de novembro de 2021
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A obesidade é uma doença crônica cujo avanço tem se dado de forma acelerada em todo o mundo nos últimos anos¹. No Brasil, a situação não é diferente¹. Estima-se que mais de metade da população brasileira esteja com excesso de peso ou obesidade¹É provável que mudanças ambientais – por exemplo, em nutrição e estilo de vida – sejam as principais responsáveis pela atual epidemia de obesidade, uma vez que um conjunto de genes não pode modificar-se em menos do que uma geração². 

Para a abordagem do excesso de peso e da obesidade na infância, é de suma importância a identificação de fatores de risco para o seu desenvolvimento e definição de intervenções apropriadas visando a prevenção e o manejo desta doença¹Os fatores de risco para desenvolvimento de obesidade na infância são: prematuridade, bebês pequenos para idade gestacional (PIG), bebês grandes para idade gestacional (GIG), filhos de mães diabéticas, pais obesos, interrupção precoce do aleitamento materno e introdução inadequada da alimentação complementar, com oferta de alimentos ricos em gorduras e açúcares e o uso de leite de vaca antes de um ano de idade¹. Além dos determinantes biológicos, a forte influência do ambiente no desenvolvimento da obesidade infantil também deve ser considerada, e medidas que incidam no ambiente alimentar devem ser desenvolvidas e apoiadas¹. 

Os primeiros anos de vida são um período crítico para o desenvolvimento de preferências por alimentos e sabores, para a capacidade de autocontrole na ingestão de alimentos, para a transmissão de crenças culturais e familiares sobre alimentos e alimentação, e para a suscetibilidade a sobrepeso e obesidade mais tarde². O sobrepeso nos primeiros meses de vida tende a aumentar o risco de sobrepeso na média infância, e esse risco parece aumentar com a idade². Aos 4 ou 5 anos de idade, a obesidade é preocupante porque tende a persistir². 

Alimentação  

Quando pensamos nas causas da obesidade na infância, devemos ir lá no início de sua vida³. O aleitamento materno é, sem dúvida, o grande fator protetor³. O bebê se alimenta de um leite apropriado a todas as suas necessidades e, o que é importantíssimo como proteção contra a obesidade, aprende a controlar seu apetite e sua saciedade, pois mama quando quer, o quanto precisa e para quando está saciado³. 

Na fase de introdução dos alimentos complementares deve-se continuar respeitando a fome e à saciedade da criança³. A partir de seis meses, a criança já começa a manifestar suas vontades, e mostra quando já comeu tudo que precisava³. Neste período, também já não tem o apetite voraz do bebê pequeno, passa a se interessar pelo meio que a cerca, adquire autonomia progressiva e aprende a negar, pois passa a ter consciência de ser um indivíduo³ 

Além disso, seu crescimento sofre desaceleração progressiva, já não precisa ganhar tanto peso quanto nos primeiros meses³. Quando se força uma criança a se alimentar mais e mais, e muitas vezes se usa toda forma de subterfúgios para tal, como, por exemplo, trocando alimentos saudáveis por qualquer coisa que a criança consiga ingerir, pode-se estar contribuindo para a obesidade³. Geralmente estes alimentos substitutos de uma refeição saudável são muito calóricos, ou de fácil ingestão pela criança e, o que é pior, passam a mensagem de premiação³. A criança entende que a “comida saudável” é o castigo, e a “outra” o prêmio. Leva esta mensagem para o resto de sua vida³. 

Outro ponto importante é o exemplo: a partir de um ano de idade, a alimentação da criança deve ser a da família³ 

Prevenção e tratamento 

Os primeiros anos de vida são assim fundamentais para a prevenção da obesidade³Sabemos que a obesidade é cada vez mais frequente devido ao estilo de vida moderno, onde temos facilidade para a aquisição de alimentos, aliada à vida sedentária³. A obesidade geralmente vem junto do sedentarismo, e um perpetua o outro³A melhor forma de tratamento é sempre a prevenção, através de hábitos de vida saudáveis para a família toda, notadamente no que se refere à alimentação e à atividade física³. 

Atividade física deve fazer parte do dia a dia e é importante diminuir horas de televisão, videogame e computador³. A televisão, além do sedentarismo, é veículo da mídia para os alimentos não saudáveis e até para o fumo e bebidas alcoólicas, que vem se somar à obesidade como fatores de risco para outras doenças³. Quando se suspeita de obesidade na criança, o melhor é procurar um pediatra, que vai avaliar a possibilidade da doença³. 

 As estratégias para a prevenção da obesidade infanto-juvenil devem se basear em¹: 

  • Desenvolvimento de ações educativas de promoção da alimentação saudável desde o pré-natal;  
  • Promoção do aleitamento materno;  
  • Introdução adequada de alimentação complementar, de acordo com as recomendações técnicas;
  • Estímulo ao conhecimento sobre a importância da atividade física e práticas corporais no desenvolvimento da criança e do adolescente; 
  • Promoção de atividades físicas lúdicas e recreativas;
  • Observação do comportamento sedentário;
  • Promoção adequada de horas de sono;
  • Controle do tempo de tela a que crianças e adolescentes estão submetidos (TV, tablet, celular e jogos eletrônicos);
  • Identificação dos pacientes de risco.



Fontes: 1. Manual de diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar brasileira. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Último acesso em 21 de junho de 2021.. 2. Obesidade infantil.Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância. 2011. Último acesso em 21 de junho de 2021.. 3. Obesidade para leigos. Sociedade Brasileira de Pediatria. Último acesso em 21 de junho de 2021.. 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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