Depressão na adolescência

A doença, que afeta todos os âmbitos da vida, vem se tornando cada vez mais frequente a partir dos doze anos de idade

Publicado em: 10 de setembro de 2019  e atualizado em: 4 de novembro de 2021
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A depressão vem se tornando cada vez mais frequente na adolescência (idade a partir de doze anos), exigindo a atenção dos profissionais das diferentes áreas da saúde¹. Não estamos mais diante de uma sintomatologia considerada esperada para esse período, mas de um quadro da medicina grave que interfere em todos os âmbitos da vida desse jovem, dificultando a sua passagem por uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano¹. A partir da adolescência, a sintomatologia depressiva passa a ser responsável por cerca de 75% das internações psiquiátricas. A depressão sempre foi considerada uma doença específica da fase adulta¹. Somente a partir de 1960 sua ocorrência foi relacionada à infância e adolescência¹.  

A adolescência representa um período de contínuas e profundas transformações, tanto no nível psíquico quanto no físico e social. O sujeito, ao entrar na adolescência, passa a residir em um novo corpo, que clama por uma nova identidade e que marca a sua passagem da esfera familiar à esfera social¹. Essas mudanças geram um intenso sofrimento, pois acarretam perdas referentes à imagem infantil, aos pais idealizados da infância e à identidade infantil¹. Essas perdas, por sua vez, representam um rompimento com o passado a fim de que seja possível ao adolescente investir no futuro, desligando-se dos pais esse tornando apto a realizar suas escolhas¹. 

Crise e conflitos

Percebe-se quão árduo é o processo de adolescer e quão vulnerável o sujeito fica ao entrar nesta fase¹. Por isso a adolescência é descrita como um período de crise e conflitos¹ Todas as perdas características da adolescência geram sofrimento e angústia, tornando frequentemente esperadas as manifestações da depressão¹. A manifestação da depressão em adolescentes costuma apresentar sintomas semelhantes aos dos adultos, mas também existem importantes características que são típicas do transtorno depressivo nesta fase da vida². Adolescentes deprimidos não estão sempre tristes; apresentam-se principalmente irritáveis e instáveis, podendo ocorrer crises de explosão e raiva em seu comportamento² 

Mais de 80% dos jovens deprimidos apresentam humor irritado e ainda perda de energia, apatia e desinteresse importante, retardo psicomotor, sentimentos de desesperança e culpa, perturbações do sono, principalmente hipersonia, alterações de apetite e peso, isolamento e dificuldade de concentração². Outras características próprias desta fase são o prejuízo no desempenho escolar, a baixa autoestima, as ideias e tentativas de suicídio e graves problemas de comportamento, especialmente o uso abusivo de álcool e drogas². Quanto aos fatores de risco para depressão em adolescentes, o mais importante é a presença de depressão em um dos pais, sendo que a existência de história familiar para depressão aumenta o risco em pelo menos três vezes, seguidos por estressores ambientais, como abuso físico e sexual e perda de um dos pais, irmão ou amigo íntimo². 
 
Prevenção e tratamento³ 

A melhor forma de prevenir a depressão é cuidando da mente e do corpo, com alimentação saudável e prática de atividades físicas regulares. Saber lidar com o estresse e compartilhar os problemas com amigos ou familiares é outra alternativa, que pode ser aliada à prática de alguma atividade integrativa e complementar, como yoga, por exemplo. Ajudam a prevenir a depressão leitura, aprender coisas novas, ter hobbies, viajar e se divertir. Essas práticas mantém a cabeça ativa e a ocupam com pensamentos positivos.  

A ciência já comprovou que cuidar do corpo reflete na saúde mental de forma positiva. Atividades físicas liberam hormônios e outras substâncias importantes para manutenção do humor. Na alimentação, receitas ou dietas recheadas de azeite de oliva, peixes, frutas, verduras e oleaginosas (nozes, castanhas etc) são o ideal para prevenir depressão. Esses produtos são ricos em nutrientes que protegem e conversam a rede de neurônios. 

O tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso. Existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício.  A terapia é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente. Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios. A depressão não tem tempo para passar. Pode durar dias, semanas, meses ou anos. 



Fontes: 1. Depressão na Adolescência. Scielo. Último acesso em 12 de julho de 2021. 2. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria. Último acesso em 12 de julho de 2021. 3. Depressão: causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção – Ministério da Saúde. Último acesso em 12 de julho de 2021.

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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