Esclerose múltipla

Doença neurológica de maior incapacitação física em adultos jovens, ela traz fadiga, alterações visuais e fonoaudiológicas e mais

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A esclerose múltipla é uma patologia neurológica, crônica e autoimune – as células de defesa do organismo atacam o próprio Sistema Nervoso Central, provocando lesões cerebrais e medulares1. É uma das causas mais comuns de incapacidade neurológica crônica em adultos jovens2, de caráter inflamatório e degenerativo que causa grande impacto na vida dos portadores3. Ela predomina em pessoas entre 18 e 50 anos de idade e é considerada como a condição neurológica de maior incapacitação física em adultos jovens4.  A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla estima que existem 35 mil brasileiros com essa condição1, que não é contagiosa1.  

Causas 

É desmielinizante do Sistema Nervoso Central (SNC) de evolução crônica, causada por um processo seletivo de inflamação com desmielinização (danificação da bainha de mielina do neurônio)4. Como consequência, surgem alterações no líquido cefalorraquidiano (responsável pela proteção do SNC) como a presença e/ou aumento de bandas IgC oligoclonais (marcadores de aumento da imunidade humoral e da síntese intratecal de imunoglobulinas), características da esclerose múltipla4 

A hipótese mais aceita é de que a doença seja uma conjunção de predisposição genética e um fator ambiental desconhecido que ao se apresentar em um mesmo indivíduo, originariam uma disfunção do sistema imunológico que desenvolveria uma ação autolesiva na substância branca (pacotes de células nervosas mielinadas), com perda de oligodendrócitos (células responsáveis pela formação e manutenção das bainhas de mielina) e mielina, o que ocasionaria um defeito na condução dos impulsos nervosos, causando o surgimento dos sintomas2 

Sintomas 

Os sintomas mais comuns relacionam a fadiga (cansaço intenso e incapacitante), dificuldade para se expôr ao calor, alterações fonoaudiológicas (fala lenta, palavras arrastadas, voz trêmula e dificuldade para engolir), transtornos visuais (visão embaçada ou dupla), problemas de coordenação (perda de equilíbrio, tremores, instabilidade ao caminhar, vertigens, náuseas ou fraqueza), espaticidade (rigidez de um membro, principalmente os inferiores), transtornos cognitivos (falta de memória, dificuldade no processamento de informações), transtornos emocionais (ansiedade, depressão ou irritabilidade) e sexuais (disfunção erétil, diminuição da lubrificação e comprometimento da sensibilidade do períneo)1. 

As disfunções cognitivas são caracterizadas por déficits de memória, atenção, velocidade de processamento de informação e funções executivas5. Alguns indivíduos apresentam alterações em memórias recentes e na fluência verbal5. Entretanto, outros sintomas com comprometimento nas áreas motoras e cerebelares também são percebidos5.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais, porém, como os indícios se assemelham a outras condições neurológicas, a análise clínica do médico é muito importante. A forma mais comum de esclerose múltipla é a ‘recorrente-remitente’, quando ocorrem surtos e remissões sucessivas, podendo deixar sequelas ou não. Conheça os outros tipos⁵:

  • Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) – Os surtos aparecem de maneira súbita com recuperação parcial ou total;
  • Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EM PP) – Não apresenta surtos, mas sim, sintomas acumulados durante um longo tempo;
  • Esclerose Múltipla Secundaria Progressiva – Os sintomas são lentos e contínuos. Os pacientes identificados com a forma Remitente Recorrente, após cerca de 20 anos com a doença, podem desenvolver essa forma sem surtos.

Tratamento

O neurologista é o médico indicado para esse tratamento. Uma vez que a esclerose múltipla não tem cura, existem terapias que podem diminuir os efeitos inflamatórios e a agressão à mielina. Ele é basicamente feito por meio de medicamentos, que vão ser indicados pelo profissional caso a caso.

Os remédios servirão para reduzir a inflamação e tratar os sintomas urinários e de fadiga, por exemplo. As terapias de neuroreabilitação (acompanhamento psicológico, fonoaudiólogo, fisioterapia, entre outros) é recomendada para reduzir os espasmos, a depressão, entre outros, e ajuda na prevenção de complicações com deformidades ósseas. Outras terapias de apoio complementar também são indicadas para melhorar a qualidade de vida do paciente. 

Em alguns casos, pode ser proposto o transplante autológico de células-tronco hematopoiéticas, que tem como objetivo construir um novo sistema imunológico. Este é bastante delicado e arriscado⁴. Dessa forma, o tratamento ideal é indicado após a análise do caso e o contato com o médico.

 

 

Fontes: 1. Associação Brasileira da Esclerose Múltipla. O que é Esclerose Múltipla? MOREIRA, Marcos Aurélio; FELIPE, Eduardo; MENDES, Maria Fernanda; TILBERY, Charles Peter. Último acesso em 23 de junho de 2021. 2. Esclerose Múltipla – Estudo Descritivo de duas Formas Clínicas em 302 Casos. 2000. MORALES, Rogério de Rizo; MORALES, Nívea de Macedo Oliveira; ROCHA, Fernando Coronetti Gomes da; FENELON, Sheila Bernardino; PINTO, Rogério de Melo Costa; SILVA, Carlos Henrique Martins da. Último acesso em 23 de junho de 2021. 3. Qualidade de Vida em Portadores de Esclerose Múltipla. 2007. PUCCIONI-SOHLER, Marzia; LAVRADO, Fabiola Passeri; BASTOS, Reizer Reis Gonçalves; BRANDÃO, Carlos Otávio; PAPAIZ-ALVARENGA, Regina. Último acesso em 23 de junho de 2021. 4. Esclerose Múltipla – Correlação Clínico-Laboratorial. 2001.  NEGREIROS, Marco Aurélio; LANDEIRA-FERNANDEZ, Jesus; KIRCHMEYER, Cíntia Villela; PAES, Renata Alves; ALVARENGA, Regina; MATTOS, Paula. Último acesso em 23 de junho de 2021. 5. Alterações cognitivas em indivíduos brasileiros com esclerose múltipla surto-remissão. 2011. ALMEIDA, Lúcia Helena Rios Barbosa de; OLIVEIRA, Francisco Tomaz Meneses de; SILVA, Milena Karen Miranda da; ROCHA, Fabricia Cavalcante; NASCIMENTO, Francisca Caroline Lopes do; SILVA, Grazielle Roberta Freitas da. Último acesso em 23 de junho de 2021. 6. Conhecimento dos profissionais de saúde sobre esclerose múltipla. 2011.

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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