Relação entre verão e as doenças de pele
Entrevista com a médica dermatologista, Eliandre Palermo, autora e organizadora de diversos livros e publicações na área, membro da Academia Americana de Dermatologia (AAD) e membro titular das Sociedades Brasileiras de Cirurgia Dermatológica (SBDC) e Dermatologia (SBD).
Por que o verão costuma desencadear ou agravar problemas de pele?
Eliandre Palermo – O sol e o calor aumentam a produção das glândulas sebáceas e sudoríparas da pele, piorando a oleosidade e sudorese. Acne e algumas dermatites também pioram no verão, assim como algumas alergias e desidroses, alterações relacionadas às glândulas sudoríparas. Além disso, ocorre maior propensão a infecções por fungos e bactérias e o herpes labial se agrava depois de exposição solar.
Qual a medida certa para a exposição ao sol de forma saudável?
Eliandre Palermo – É importante evitar exposição solar nos horários de grande índice de radiação solar, das 10h às 16h, e fazer uso constante de filtro solar, chapéu, camiseta e guarda-sol. Usar um filtro indicado para o tipo e tonalidade de pele, com preferência para produtos de alta proteção. Os filtros podem ser em creme, gel creme, gel, aerossol ou sérum. A medida certa é uma colher de chá de protetor solar para cada membro, tórax e abdômen, o que garante a ação por pelo menos duas horas. No rosto não esquecer das orelhas e lábios, pode-se usar metade dessa quantidade.
Quais cuidados são essenciais para a saúde da pele?
Eliandre Palermo – A pele como maior órgão do corpo necessita de cuidados essenciais. O primeiro é sempre evitar os agentes de agressão externos, como sol, tabagismo e abuso de álcool. Ter uma boa alimentação e dormir bem. Nos cuidados locais, sempre usar filtro solar e limpar a pele adequadamente de acordo com cada tipo. Hidratar a pele do corpo sempre após o banho e evitar usar muita bucha e banhos quentes.
Qual a importância de estabelecer exames preventivos de pele?
Eliandre Palermo – As estatísticas no Brasil apontam para cerca de 81 mil casos novos de câncer de pele não melanoma nos homens e 95 mil nas mulheres, somente em 2016. O câncer de pele é dividido em 3 tipos mais comuns - carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. Os dois primeiros têm mais incidência e, apesar de menos letais que o melanoma, atingem grande parcela da população, principalmente aquela de pele clara e com grande exposição solar. Quanto ao melanoma, sua letalidade é elevada, mas a incidência é baixa. O problema é que atinge grande parte da população jovem.
Atualmente, há muita dica de tratamento alternativo para a pele disponível na Internet. Quais os riscos disso?
Eliandre Palermo – Os tratamentos caseiros podem causar danos graves e irreparáveis à pele. Podem gerar queimaduras, irritações, alergias, manchas definitivas e cicatrizes, dependendo do grau de agressão na pele. Como exemplos pode-se citar a Coca-Cola e os óleos de frutas utilizados para bronzeamento, clareadores de pelos e cabelos, como água oxigenada e chás, e esfoliações com ácidos sem receita médica. Os produtos atualmente no mercado contam com estudos sérios.