Os distúrbios do sono
As perturbações podem comprometer substancialmente a qualidade de vida.
Publicado em: 16 de dezembro de 2019  e atualizado em: 4 de novembro de 2021
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O sono possui várias e fundamentais funções biológicas no desenvolvimento e restaurações como na consolidação da memória, na visão binocular, na regulação da temperatura corporal, na conservação e restauração da energia e do metabolismo energético cerebral¹Devido a essas importantes funções, as perturbações do sono podem acarretar alterações significativas no funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social do indivíduo, além de comprometer substancialmente a qualidade de vida¹.

O sono normalmente varia ao longo do desenvolvimento humano quanto à duração, distribuição de estágios e ritmo circadiano. As variações na quantidade de sono são maiores durante a infância, decrescendo de 16 horas por dia, em média, nos primeiros dias de vida, para 14 horas ao final do primeiro mês e 12 horas no sexto mês de vida. Depois dessa idade o tempo de sono da criança diminui 30 minutos ao ano até os cinco anos¹.   

Na vida adulta decresce a quantidade e varia o ciclo do sono em função da idade e de fatores externos. Com o avanço da idade, ocorrem perdas na duração, manutenção e qualidade do sono. A dor, o uso de medicações e diferentes condições clínicas são exemplos de fatores que podem afetar a quantidade e a qualidade do sono, especialmente entre idosos, que são mais propensos a essas condições¹. A maioria dos distúrbios do sono pode ocorrer tanto em adultos como em crianças, o que difere é sua forma de apresentação. Considera-se que, possivelmente, somente as cólicas e a síndrome da morte súbita do lactente (SMSL) são distúrbios do sono exclusivos da infância, os demais podem ocorrer em qualquer idade².  

O diagnóstico correto é o primeiro passo essencial no sucesso do tratamento de um distúrbio do sono. A polissonografia noturna (PSG) é o método mais acurado e objetivo para avaliação do sono e estabelecimento de um diagnóstico. Trata-se de um exame não invasivo que registra vários parâmetros durante o sono através do monitoramento das atividades cardíaca e cerebral, dos movimentos oculares e musculares, do fluxo e esforço respiratório e dos níveis de oxigênio no sangue. Os exames diagnósticos são utilizados para avaliar pacientes que relatam sono anormal, muitas vezes com repercussões dramáticas durante o dia, como cansaço ao despertar, sonolência excessiva diurna e distúrbios da atenção e do humor³.  

As consequências dos distúrbios do sono são fortemente relacionadas à qualidade de vida das pessoas que sofrem desse mal. O conceito de qualidade de vida proposto pela Organização Mundial de Saúde engloba domínios da saúde física, relações sociais, grau de independência, características ambientais, variáveis psicológicas e espirituais. A qualidade do sono e a qualidade de vida estão intimamente relacionadas. O desemprego, por exemplo, é fator de qualidade de vida que pode afetar a qualidade do sono de um indivíduo porque a preocupação presente nessa situação aumenta a latência do sono e os despertares noturnos¹. Por outro lado, um indivíduo portador de distúrbio do sono provavelmente sofrerá consequências no trabalho devido à má qualidade do sono¹.  

Classificação internacional dos distúrbios do sono¹ 

A Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD) é um dos sistemas classificatórios mais utilizados na literatura especializada, incluindo quatro grupos organizados e subgrupos:  

Dissonias - são transtornos primários relacionados à iniciação ou manutenção do sono ou à sonolência excessiva, com distúrbios na qualidade, quantidade ou regulação de ritmo do sono. As dissonias formam o maior grupo dentre os transtornos do sono, com 34 distúrbios subdivididos em distúrbios intrínsecos, extrínsecos e relacionados ao ritmo circadiano;  

Parassonias - são alterações comportamentais ou fisiológicas que ocorrem em diferentes momentos do sono e formam o segundo maior grupo de transtornos do sono, com 24 distúrbios subdivididos em subgrupos como distúrbios do acordar, que envolvem o sonambulismo e o terror noturno, distúrbios da transição sono e vigília, que envolvem câimbras noturnas, parassonias associadas com o sono REM, que envolvem alterações como pesadelos e paralisia do sono, e outras parassonias, que incluem as demais alterações do sono, como bruxismo, síndrome da morte súbita noturna inexplicada e parassonias sem especificação;  

Distúrbios do sono relacionados a alterações médico-psiquiátricas - esses distúrbios reúnem 19 transtornos associados a doenças mentais ou neurológicas e outras doenças como psicoses, transtornos de humor e da ansiedadedemências, mal de Parkinson, epilepsia relacionada ao sono, isquemia cardíaca noturna, refluxo gastroesofágico relacionado ao sono e doença do sono, entre outras;  

Distúrbios do sono propostos - são aqueles que englobam síndromes heterogêneas sem requisitos para definições específicas, como sono curto, sono longo, hiperidrose do sono e síndrome do engasgue no sono. 

 

 
 
 
Fonte: 1. Müller, Mônica Rocha e Guimarães, Suely Sales - Impacto dos transtornos do sono sobre o funcionamento diário e a qualidade de vida – Scielo. Último acesso no dia 26 de novembro de 2019. 2. Distúrbios do sono – Jornal da Pediatria. Último acesso no dia 26 de novembro de 2019.  3. MAGALHÃES, F., and MATARUNA, J. Sono. In: JANSEN, JM., et al., orgs. Medicina da noite: da cronobiologia à prática clínica – Scielo Books. Último acesso no dia 26 de novembro de 2019. 

 

 

 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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