Por que evitar o uso de mamadeira e chupeta?

O uso pode afetar a amamentação e gerar alterações na saúde da criança.
Publicado em: 16 de agosto de 2019  e atualizado em: 4 de novembro de 2021
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Cerca de dois terços das crianças receberão mamadeiras e chupetas em algum momento do seu primeiro ano de vida¹. O uso desses utensílios pode afetar o processo de amamentação e produzir alterações na saúde da criança, causando interrupção do aleitamento materno¹Na história da humanidade, os bicos artificiais assumiram diferentes funções e representações socioculturais¹. Estudos sobre as características dos usuários de chupeta apontam uso mais frequente entre os primogênitos meninos, bebês de baixo peso ao nascer, menores de 6 meses, não amamentados na maternidade e aqueles amamentados em horários preestabelecidos¹

Aleitamento materno³ 

O leite materno é o alimento ideal para o bebê recém-nascido e é recomendado como o único alimento nos seis primeiros meses de vida, com introdução de alimentos complementares e continuação da amamentação a partir de então e até os dois anos de idade ou mais. Para a sobrevivência do bebê é importantíssimo que o leite materno não seja substituído, pois atende todas as necessidades nutricionais, imunológicas e psicológicas.Para o bebê e a criança, os argumentos em favor do aleitamento materno são:  

    • Prevenção de mortes infantis; 
    • Prevenção de diarreia; 
    • Prevenção de infecção respiratória; 
    • Diminui o risco de alergias;
    • Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes;
    • Reduz a chance de obesidade;
    • Melhor nutrição;
    • Melhor desenvolvimento da cavidade bucal. 

Argumentos contra o uso de chupeta e mamadeira² 

As principais evidências encontradas sobre o efeito negativo do uso de chupeta e mamadeira foram sistematizadas e agrupadas segundo as consequências em cada aspecto da saúde da criança, apresentadas a seguir:  

Funções orais e amamentação: Pode prejudicar a correta maturação funcional do sistema estomatognático, alterando a postura e a tonicidade dos músculos, e podem causar deformações esqueléticas na boca e na face; 

Dentição: Os dentes sofrem pressões de forças provenientes da musculatura da face e da língua durante as funções realizadas pelo sistema estomatognático. Essas forças musculares, quando adequadas, promovem ação modeladora; entretanto, em condições inadequadas, podem conduzir a alterações anatômico-funcionais indesejáveis. A persistência do hábito após os 3 anos da criança aumenta significativamente a probabilidade de o indivíduo apresentar características oclusais indesejáveis. As alterações mais frequentemente encontradas entre crianças usuárias de chupetas e mamadeira são mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior; 

Otite média aguda: a otite média é caracterizada pela presença de líquido no ouvido médio. Na sucção da chupeta e da mamadeira, não é exigido o mesmo nível de organização e pressão negativa que na sucção da mama, não existindo o constante estímulo do músculo responsável pela abertura da tuba auditiva e que tem um importante papel na prevenção das otites médias. Estudos apontam uma ocorrência 33% maior de otite média nas crianças menores de 18 meses que utilizam chupeta e mamadeira; 

Segurança química, física e imunológica: as chupetas e mamadeiras são consideradas potenciais reservatórios de infecção, podendo afetar o sistema imunológico da criança. O uso está associado com maior incidência da doença diarreica e mortalidade infanti e com o aumento da probabilidade de hospitalização e de eventos de respiração ruidosa, asma, dor de ouvido, vômitos, febre, diarreia, cólicas, aftas e candidíase oral;  

Níveis de inteligência: o único estudo até o momento que avaliou a influência do hábito de utilizar chupeta ou mamadeira no desempenho em testes de inteligência na vida adulta constatou que os indivíduos que usavam chupeta e mamadeira na infância apresentaram desempenho 16% menor do que os que não tinham esse hábito. A possível explicação para essa associação está ligada ao ambiente social em que a criança se desenvolve, A criança que utiliza chupeta e mamadeira provavelmente solicita menos atenção dos pais/cuidadores e, como consequência, é menos estimulada; 

Vícios orais na vida adulta: hábitos orais não-nutritivos podem ser substituídos ao longo da vida por comportamentos prejudiciais tais como fumar, comer excessivamente ou outros transtornos compulsivos. Estudo recente constatou que o uso prolongado (mais de 24 meses) de chupeta e mamadeira na infância pode favorecer o início do uso do cigarro na adolescência.  


 

 

 

 

Fontes: 1. Determinantes do uso de chupeta e mamadeira – Scielo/ Revista Saúde Pública. Último acesso no dia 6 de agosto de 2019. 2. Uso de chupeta em crianças amamentadas: prós e contras – Sociedade Brasileira de Pediatria. Último acesso no dia 6 de agosto de 2019. 3.A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ OS SEIS MESES DE IDADE – Uniedu – Santa Catarina. Último acesso no dia 17 de julho de 2019.  

 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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