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A cereja do bolo: suplementos alimentares

Suplementos alimentares seguem como um tema complexo, que envolve pesquisas e informações atualizadas. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto, a Eurofarma conversou com Roberto Zagury, endocrinologista com mestrado em Nutrologia e diretor científico do Laboratório de Performance Humana (LPH), no Rio de Janeiro. Há oito anos, Roberto estabeleceu com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) um grupo de estudo envolvendo o tema suplementação alimentar. O trabalho resultou na publicação pela SBEM do livro Suplementação Alimentar na Prática Clínica. Confira o papo.

O que são os suplementos alimentares?

Roberto Zagury - Existem duas principais definições, sendo a primeira do órgão regulatório dos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration), produto que contém ingredientes, como vitaminas e minerais, que podem ser usados como suplemento na dieta alimentar; e a outra é a definição nacional, feita pela Anvisa, que contempla diversas possibilidades de classificação para enquadrar os suplementos. Isso gerou uma certa confusão para o consumidor final e abriu brechas para alguns fabricantes mal-intencionados. Uma empresa séria, como a Eurofarma, busca conversar com os médicos para entender as necessidades clínicas dos consumidores, já que, embora não seja um remédio, é um produto que tem por objetivo complementar a alimentação do indivíduo.

Por não serem medicamentos, estão livres de receita médica?

Sim, são os chamados OTC (Over the Counter), que significa produto farmacêutico de venda livre, sem prescrição médica — o que pode representar um perigo pela falta de controle sobre a qualidade e o consumo.

Eles podem substituir a alimentação?

Em linhas gerais, não. Esta é uma dúvida frequente. O princípio fundamental é que a alimentação sempre vence, a dieta é soberana. Contudo existem alguns produtos que são classificados como substitutos de refeição, em geral uma principal, e neste caso ela pode ser substituída pelo suplemento. A questão é para quem isso é indicado. São para as pessoas que não conseguem compor uma alimentação adequada do ponto de vista nutricional, aí sim podemos fazer esta troca. Vale citar que isso é recomendado mundialmente por várias entidades, há vários estudos que suportam essas indicações. O suplemento é a cereja do bolo, o bolo é a alimentação.

Os suplementos ajudam na melhoria da saúde?

Do ponto de vista de saúde, de maneira geral, eles não são necessários, com exceção de pessoas com deficiência de algum nutriente
, seja vitamina ou mineral, como B12 e ferro. No caso de melhoria de performance esportiva para pessoas que fazem atividades físicas em um nível elevado, que nós chamamos de “amador ambicioso”, os suplementos ajudam a melhorar a composição corporal, com resultados no desempenho. É importante destacar, contudo, que há uma supervalorização desses suplementos esportivos. Há realmente um ganho de 3% a 5% de melhoria de performance, que faz muita diferença para uma atleta de ponta, não tanto para o amador. No caso das gestantes, este é um mundo à parte, com diretrizes próprias — há suplementos que são indicados mesmo quando não há deficiência nutricional, por conta do aumento da demanda relacionado à gravidez.

Quando é indicado o uso de suplementos?

As indicações principais são para aqueles indivíduos que não conseguem, com a dieta alimentar, atender às suas necessidades nutricionais
. Por exemplo, você tem um homem ativo com 110 kg — não obeso, mas sim um cara forte — que pratica atividades físicas regulares, pode ser que a necessidade de proteína dele seja em torno de 165 gramas por dia. Neste caso, vai ser difícil ele conseguir isso por meio da dieta, pois significa ingerir em torno de 15 ovos por dia ou 10 peitos de frango. Outra situação é o que chamamos de conveniência. Por exemplo, uma pessoa que trabalha intensamente em um escritório, almoça ao meio-dia e fica no trabalho até tarde, a tendência neste caso é comer de forma desequilibrada, então o suplemento é indicado como substituto de uma refeição que seria feita sem nutrientes.

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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