Câncer de colo do útero

A infecção genital pelo vírus Papilomavírus Humano é muito frequente e pode evoluir para um câncer

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O câncer do colo do útero, também conhecido como cervical, é causado pela infecção por alguns tipos (chamados oncogênicos) do Papilomavírus Humano – HPV1. A infecção genital por este vírus é muito frequente, e na maioria das vezes não causa a doença, no entanto, em alguns casos é possível que ocorram alterações celulares que podem evoluir para o câncer1. As alterações das células normalmente são descobertas com facilidade no exame preventivo (Papanicolau), e são curáveis na maioria dos casos1.

É o terceiro tumor mais frequente nas mulheres – perdendo apenas para o câncer de mama e o colorretal – e a quarta causa de morte no sexo feminino por câncer no país1. Sua incidência é mais frequente entre 45 e 49 anos, e estima-se que o rastreamento sistemático e o tratamento de lesões precursoras possam reduzir a mortalidade da doença em até 80%2.

O país avançou em relação ao diagnóstico precoce desse tipo de câncer: na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva, ou seja, o estado mais agressivo dela1. Atualmente, 44% dos casos são de lesão precursora do câncer (chamada in situ), que é uma lesão localizada1. A estimativa de novos casos para 2018 é de 16.370 (2018 – INCA), e o número médio de mortes é de 5.430 (2013 – Sistema de Informação Sobre Mortalidade)1.

Causas 

O papiloma vírus humano (HPV) pode ser detectado em 99,7% dos cânceres de colo uterino2. Entre os mais de 40 tipos de HPV que infectam a mucosa genital, aproximadamente 15 deles apresentam potencial para desenvolver de câncer2. Dentre eles, os mais frequentes são o HPV 16 e 18, encontrados em até 70% dos casos2. Mais de 90% dos casos estão relacionados a infecções pelo HPV dos tipos 6, 11, 16 e 182 

Esse tipo de infecção é muito comum na população – mais de 50% das mulheres sexualmente ativas adquirem o vírus em algum momento de suas vidas2. As doenças causadas por ele são bem variadas, mas a maioria das infecções pelo HPV são transitórias2. A infecção é condição necessária para o desenvolvimento do câncer, porém não o suficiente para o desenvolvimento dele2. No entanto, quando fica persistente, o tempo entre a infecção inicial e o desenvolvimento da doença é de aproximadamente 15 anos2. Ela é dividida em quatro estágios2: 

  • Infecção; 
  • Persistência da infecção; 
  • Progressão das células infectadas para uma lesão pré-cancerosa; 
  • Desenvolvimento de carcinoma. 

Sintomas 

É uma doença de desenvolvimento lento que pode não apresentar sintomas na fase inicial e evoluir para quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais em casos mais avançados3. Quando em estágio mais avançado, ainda pode vir com sintomas como dor pélvica e/ou lombar, com irradiação para a região posterior dos membros2. Casos mais extremos ainda podem evoluir para sintomas como hematúria (presença de sangue na urina), ureterohidronefrose (dilatação e distensão da pelve renal e do ureter) e suboclusão intestinal pela invasão do reto (entupimento do intestino)2.   

Diagnóstico 

O diagnóstico é feito por anamnese (entrevista com o médico para detectar sinais e sintomas, assim como histórico), exame físico (Papanicolau), exame especular (mostra as lesões), citologia oncótica (principal método para rastreamento do câncer cervical), colposcopia e biópsia dirigida (delimita a extensão da doença e faz a confirmação do diagnóstico)4. 

Além disso, os exames básicos também devem ser solicitados4: 

  • Hemograma completo; 
  • Coagulograma; 
  • Glicose; 
  • Ureia; 
  • Creatinina sérica; 
  • Eletrólitos; 
  • Urinálise; 
  • Raios X de tórax; 
  • Eletrocardiograma; 
  • Anti-HIV; 
  • Transaminase Glutâmica Oxalacética (TGO), Transaminase Glutâmica Pirúvica (TGP), fosfatase alcalina. 

Outros exames como marcadores virais de hepatites B e C, ultrassonografia abdominopélvica e ressonância magnética também podem ser solicitados4  

Prevenção 

A prevenção é feita com a diminuição de risco de contágio com o HPV5, que normalmente ocorre por via sexual5. Desta forma, o uso de camisinha auxilia contra o HPV5. Os principais fatores de risco são o início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros5. Também é possível prevenir evitando o tabagismo e o uso prologando de anticoncepcionais5. Fora isso, com o desenvolvimento de vacinas que conferem elevadas taxas de proteção contra o HPV, é possível pensar em um futuro bem prevenido contra este tipo de neoplasia2. As vacinas bivalentes (contra o HPV dos tipos 16 e 18), conferem uma taxa de proteção de quase 100% em cinco anos2. Hoje também tem disponível a vacina quadrivalente (contra o HPV dos tipos 6, 11, 16 e 18)2. 

Tratamento 

O tratamento para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre os mais comuns estão a cirurgia e a radioterapia (INCA – Tratamento). O tipo de tratamento vai depender do estágio da doença, tamanho do tumor e fatores como idade e desejo de ter filhos6. 

 

Fontes: 1. Colo do Útero. INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Último acesso em 24 de agosto de 2021. 2. Câncer de colo de útero – fatores de risco, prevenção, diagnóstico e tratamento. DIZ, Maria del Pilar Estevez; MEDEIROS, Rodrigo Bovolin de. 2009. Último acesso em 24 de agosto de 2021. 3. Sintomas. INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Último acesso em 24 de agosto de 2021. 4. Diagnóstico. INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Último acesso em 24 de agosto de 2021. 5. Prevenção. INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Último acesso em 24 de agosto de 2021. 6. Tratamento. INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Último acesso em 24 de agosto de 2021. 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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