Tensão Pré-Menstrual

É um conjunto de mais de 200 sintomas físicos e emocionais, causados por alterações hormonais e fatores sociais e externos

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A Tensão Pré-Menstrual (TPM), também conhecida por Síndrome Pré-Menstrual (SPM), é um conjunto de mais de 200 sintomas físicos e emocionais, causados por alterações hormonais e fatores sociais e externos, que se manifestam no meio do ciclo menstrual da mulher e geralmente desaparecem quando chega a menstruação. Os sintomas mais frequentes são dor de cabeça, ansiedade, depressão, irritabilidade, ganho de peso ou inchaço, cólicas e fadiga.

Estima-se que até 30% das mulheres apresentam algum sintoma em momentos diferentes da vida, variando também de mulher para mulher. Dados do Ministério da Saúde afirmam que mais de 70% das mulheres brasileiras sofrem com algum sintoma da TPM, ainda que em níveis diferentes. Um médico especialista (ginecologista ou endocrinologista) pode ajudar no diagnóstico e no tratamento.

Tipos

Existem tipos e níveis diferentes de TPM. Há os casos mais simples, que apresentam os sintomas clássicos, são os mais comuns dor no corpo, inchaço e cólicas, são resolvidos com atividade física e analgésicos, e que atingem 7 em cada 10 mulheres; há os casos moderados, com maior variação hormonal, e que requerem tratamento com anticoncepcionais ou analgésicos mais potentes (afetam 2 em cada 10 mulheres); e há os casos mais severos, que podem até incapacitar a mulher por alguns dias, e que necessitam de tratamento com outros medicamentos (afeta 1 em cada 10 mulheres). Além disso, a TPM pode ser dividida em 5 subtipos, de acordo com o principal fator relacionado:

TPM A – está relacionada à ansiedade e alterações de humor, principalmente por causa da queda dos níveis de estrogênio.

TPM C – relacionada à compulsão alimentar. São mulheres que recorrem ao chocolate ou a outros alimentos para minimizar os sintomas da TPM.

TPM D – relacionada aos sintomas depressivos e à redução da serotonina, fica caracterizada por períodos de pouca concentração, por exemplo.

TPM H – relacionada à hidratação – retenção de líquidos e suas consequências. São mulheres que tem mais inchaço abdominal, ganho de peso e sensibilidade nas mamas, por exemplo.

TPM O – Outros sintomas, como sudorese fria, náuseas, acne ou reações alérgicas são classificadas como TPM O.

Há também o TDPM – Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. Afeta de 3% a 8% das mulheres e é a forma mais grave da TPM tradicional. Tem sintomas tão severos que chegam a incapacitar a mulher para atividades e trabalho. É necessário acompanhamento médico e disciplina no tratamento, com uma combinação de medicamentos que melhoram os sintomas e estabilizam o humor.
 
Causas

A TPM é causada pelas oscilações dos hormônios femininos Estrógeno e Progesterona no corpo. Na primeira fase do ciclo o estrógeno – responsável, junto com a serotonina, por controlar nosso bem-estar e as mudanças emocionais - tem seus níveis mais elevados, enquanto que a progesterona está com níveis mais baixos. Na segunda fase do ciclo estes níveis se alternam: a progesterona está em alta e é responsável pelas mudanças físicas do corpo.

Quando a mudança entre as fases é muito brusca acontecem as alterações no humor, a ansiedade e as dores nos seios. Ao final do ciclo, caso não aconteça a fertilização dos óvulos, o útero começa a eliminar o endométrio na forma de menstruação e dá início uma nova mudança hormonal, dessa vez com queda tanto no estrógeno quanto na progesterona – muitas mulheres, inclusive, tem sintomas mais intensos nestes dias.

Fatores de risco

Os fatores abaixo podem aumentar o risco de TPM ou piorar os sintomas. Médicos esclarecem que até uma dor de cabeça, durante a TPM, pode ser mais intensa do que em outros dias:

  • Histórico familiar de TPM
  • Idade, sendo que os sintomas ficam mais comuns com o envelhecimento
  • Ansiedade, depressão ou outros problemas de saúde mental
  • Sedentarismo
  • Estresse
  • Uma dieta com baixo teor em vitamina B6, cálcio ou magnésio
  • Alta ingestão de cafeína

Sintomas

Existem mais de 200 sintomas para a TPM, que variam de acordo com o histórico médico da mulher, seu ciclo, idade e hábitos. Alguns sintomas são mais frequentes: inchaço, ansiedade, depressão e compulsão. Mesmo que se apresentem em intensidades diferentes, existem recomendações médicas que podem ser seguidas:

Inchaço: a maior retenção de líquidos pelo corpo é o sintoma que aparece com mais frequência na TPM. Para isso, a recomendação médica é fazer sessões regulares de drenagem linfática, reduzir o sal na dieta, evitar roupas apertadas, tomar bastante água, fazer atividade física e usar meias elásticas nas pernas, se forem os membros mais afetados.

Ansiedade: irritabilidade, nervosismo, sensibilidade emocional, tensão e dificuldade para dormir. Procure atividades de relaxamento como yoga e meditação, além de reduzir o consumo de alimentos com cafeína e álcool.

Depressão: mulheres também apresentam irritabilidade e dificuldade para dormir, mas podem ficar pessimistas e apresentar sintomas depressivos. Para ajudar a reduzir os sintomas, evite cafeína e álcool, especialmente à noite. Começar o dia com atividade física ajuda a liberar endorfinas e ter mais disposição para as atividades do dia. À noite, um banho morno ajuda a relaxar.

Compulsão: o organismo precisa de mais energia durante essa fase e busca nas guloseimas a satisfação dessa necessidade. Por isso a alta procura por alimentos como chocolates e doces em geral. Para ajudar a controlar a compulsão conte com alimentos ricos em fibras (que têm maior poder de saciedade), lanches saudáveis e frutas. Mantenha uma rotina de alimentação a cada 3 horas e não esqueça da água.

Diagnóstico

Como os sintomas da TPM são comuns a outras doenças, um profissional médico pode fechar o diagnóstico a partir da análise do quadro clínico mais completo. Exames físicos, entrevista e uma análise do funcionamento da tireoide e do metabolismo complementam o diagnóstico. Junto com os exames, a mulher precisa apresentar pelo menos cinco sintomas em dois ciclos seguidos para caracterizar a TPM.  Além dos quatro sintomas citados acima, vale mencionar dor de cabeça, falta de interesse em atividades diárias, insônia e diminuição da produtividade.

Uma dica para a consulta com o médico é levar um diário menstrual, onde a mulher registra eventuais sintomas e datas. Com tudo isso, o médico poderá indicar o melhor tratamento e a medicação.

No caso de TDPM, com sintomas mais fortes, geralmente acompanhada de mais dor, o médico poderá recomendar não só os medicamentos para controle dos sintomas como também analgésicos. Mas é importante manter o acompanhamento clínico e evitar a automedicação.

Prevenção

Não é possível prevenir as alterações hormonais no corpo, mas é possível amenizar os sintomas da TPM. Ter uma rotina mais saudável, não só na alimentação como também com exercícios físicos, pode ajudar bastante. Evitar o fumo e limitar cafeína, sal, álcool e chocolate, incluir grãos, frutas e legumes na dieta. Uma vida mais saudável pode contar também com a redução do estresse. Inclua atividades relaxantes como yoga, massagem ou meditação, que também vão auxiliar o sono. Durante os dias de TPM é possível usar medicamentos para aliviar a dor e reduzir o sangramento menstrual. Se tiver dor nas mamas, use um sutiã confortável, com mais apoio, para ajudar a reduzir a dor na região.

Tratamento

O principal recurso no tratamento da TPM é o anticoncepcional. Ele ajuda a reduzir as oscilações hormonais, e assim, a própria TPM, controlando os níveis de estrogênio e progesterona. O médico pode indicar a pílula para o seu tratamento, de acordo com os níveis de hormônio e a necessidade do seu organismo.

As dicas de alimentação e rotina mais saudável também se aplicam durante o tratamento para TPM, e podem estar associadas ao uso de medicamento. Um tratamento pode durar cerca de dois anos, com avaliação trimestral, e cada tipo de TPM tem um tratamento voltado para o sintoma principal.

Na TPM A, por exemplo, a atividade física é a melhor forma de amenizar o estresse. Na TPM C, a compulsão por chocolate pode ser controlada com uma alimentação rica em ômega 3, e a enxaqueca pode ser tratada com medicamentos indicados pelo médico. Na TPM D, além do uso de antidepressivos (recomendados pelo médico), a redução de álcool e fumo pode diminuir os sintomas da depressão. Na TPM H, a indicação é reduzir sal e cafeína, e se necessário, recorrer a diuréticos indicados pelo médico, e na TPM O, o uso de medicamentos anti-inflamatórios pode ajuda a reduzir a dor da cólica e regularizar o fluxo menstrual.



Fontes: 1. Dickerson, Lori M.; MazycK, Pamela J.; Hunter, Melissa H. Premenstrual syndrome. American family physician, v. 67, n. 8, p. 1743-1752, 2003. 2. Greene, Raymond; Dalton, Katharina. The premenstrual syndrome. The British Medical Journal, p. 1007-1014, 1953. 3. Paiva SPC, Paula LV, Nascimento LLO. Tensão Pré-Menstrual (TPM): Uma revisão baseada em evidências científicas. Rev Feminina. 2010 Jun; 38(6): 311-315. 4. Brilhante AVM, Bilhar APM, Carvalho CB,et al. Síndrome pré-menstrual e síndrome disfórica pré-menstrual: aspectos atuais.  Rev Feminina. 2010 Jul; 38(7): 373 - 378.

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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