O sono é fundamental para a vida do ser humano: possui função restaurativa, de conservação de energia e de proteção (1). A privação do sono pode trazer prejuízo para as atividades diárias e ainda causar adversidades sociais, somáticas, psicológicas ou cognitivas (1).
Os transtornos do sono são um problema clínico relevante de saúde (1). Hoje é uma das perturbações mais comuns, sendo uma das principais queixas dos pacientes (2). A estimativa indica que 6% da população adulta tem insônia; 12% referem sintomas de insônia com consequência diurna e 15% estão insatisfeitos com o sono (3).
A insônia pode ser responsável por faltas e baixa produtividade no trabalho, qualidade de vida reduzida, além do alto custo para o sistema de saúde (3). Existem aspectos clínicos para um diagnóstico definitivo (3):
- Queixas tanto de dificuldade de adormecer quanto de se manter dormindo ou até mesmo da pobre qualidade do sono;
- Perturbação do sono pelo menos três vezes por semana por um período de no mínimo um mês;
- Preocupação com a falta de sono e consideração excessiva sobre suas consequências à noite e durante o dia;
- Quantidade/qualidade insatisfatória de sono causa angústia marcante ou interfere com o funcionamento social e ocupacional.
Entre a classificação do problema, é necessário mensurar a severidade, frequência e duração (3). Quanto à duração, a insônia pode ser transitória ou aguda (presente em algumas noites associada a circunstâncias adversas da vida e ao estresse), de curta duração (persiste por menos de três semanas), crônica (também chamada de longo prazo, sua duração pode ultrapassar três semanas) ou intermitente (associada a distúrbios psiquiátricos e de ansiedade) (3).
Em relação ao tipo, ela pode ser inicial (dificuldade para começar a dormir), sono entrecortado (despertar durante várias vezes ao longo da noite) e de manutenção (acorda em um período e não consegue mais dormir) (3).
Infelizmente, apesar da alta prevalência e do impacto social e pessoal negativo da insônia, ela continua sem reconhecimento ou tratamento adequado, pois menos de 15% dos pacientes com insônia severa passam por cuidados médicos (3).
O tratamento pode ser feito de forma cognitivo-comportamental, com fármacos ou associação das duas formas (2). Entre os tratamentos possíveis, estão (4):
- Acupuntura;
- Psicoterapia Cognitiva;
- Remédios indutores do sono;
- Exercícios físicos;
- Biofeedback (aparelhos que indicam tensão no corpo e auxiliam relaxamento progressivo);
- Massagem;
- Ioga;
- Fisioterapia.
Existem também dicas que podem ajudar a melhorar a qualidade do sono (4):
- Mantenha os mesmos horários de início e término do sono;
- Durma sempre em local escuro e silencioso;
- Evite estímulos antes de dormir (álcool, drogas, exercícios, comidas calóricas, discussões, TV, rádio e internet);
- Não deixe o relógio na frente da cama;
- Deite na cama apenas quando sentir sono (antes disso faça atividades para relaxar gradativamente);
- Depois de deitar, evite atividades como comer, ler, trabalhar, usar celular/computador ou brigas, pois isso poderá gerar uma associação psicológica de que a cama é lugar de tudo, menos de sono e repouso.
Ao persistirem os sintomas, um médico especializado deverá ser contatado.